Minha vida é um pesadelo entre dormir e acordar

Minha vida é um pesadelo entre dormir e acordar.

Nunca totalmente desperta, nunca um sono profundo e reparador. Meus dias, fantasmagóricos, passo entre fragmentos de trabalho que me roubam o tempo e o talento, sem trazer nenhuma satisfação, num vazio desconexo de quem sabe estar desperdiçando, na sensação de estar no local errado, fazendo o que não devia, numa realidade que não compreendo e que só pode ser uma ilusão ou prisão sem grades visíveis. As noites, no lamentar pelo que podia ser e não foi, e que eu nem mesmo sei oque seria, em longos sonhos que só chegam após longas horas de insônia.

Minha vida é só este consumir-me, esta sensação de desperdício, de vazio e tempo passando, de necessidade de algo desconhecido. Como se a vida fosse algo que acontecesse lá fora, sempre em algum lugar que não estou.

E eu queria ser capaz de dormir de verdade – aquele sono longo e profundo das crianças pequenas, aquele sono reparador, que nos faz acordar felizes e “zerados”, prontos para um novo dia. Mas, em vez disso, minhas noites são vazias e repletas de pesadelos, tempos e lugares que não são aqui, e, muitas vezes, até mesmo de cenários apocalípticos saídos de filmes de terror. Meus sonhos expressariam minha vida desperta, talvez de modo mais pungente e real que esta em seus subterfúgios e disfarces cotidianos?

Há quantos anos este pesadelo sem-fim se estende? Dormir, acordar, apenas dormir e acordar. Dia após dia, noite após noite… Dormir para então acordar, e acordar apenas para depois dormir de novo…

Apenas isso, e mais nada.

~ por L. em 3 novembro, 2008.

2 Respostas to “Minha vida é um pesadelo entre dormir e acordar”

  1. É estranho quando lemos algo e parece que estamos diante de espelhos: lemos o que se passa no nosso íntimo, nos incomoda,mas, ao mesmo tempo, fica uma sensação estranha de que, se achávamos estarmos sós no meio de um pesadelo, vemos do outro lado da ponte alguém com um livro aberto: e talvez leiam palavras que são as nossas.
    Em mim há uma terrível sensação de deslocamento, de peregrinar, de que as pessoas que me são mais afins estão longe, longe, muito longe.
    Faraway, so close…
    E nem os sonhos são mais um refúgio seguro. Nossas palavras correm agoniadas procurando eco. E quando encontram, tenta jogar cordas, trazer para perto.
    Aí faço minhas suas palavras. Acreditar na comunicação. Ou até num entendimento, quem sabe…
    Como alguém que tenta fugir de um labirinto, seja com as asas de Ícaro, ou com as artimanhas de Teseu.

  2. Não sei se conheces essa música dos Smiths, Asleep:

    Sing me to sleep
    Sing me to sleep
    I’m tired and I
    I want to go to bed

    Sing me to sleep
    Sing me to sleep
    And then leave me alone
    Dont try to wake me in the morning
    cause I will be gone
    Dont feel bad for me
    I want you to know
    Deep in the cell of my heart
    I will feel so glad to go

    Sing me to sleep
    Sing me to sleep
    I dont want to wake up
    On my own anymore

    Sing to me
    Sing to me
    I dont want to wake up
    On my own anymore

    Dont feel bad for me
    I want you to know
    Deep in the cell of my heart
    I really want to go

    There is another world
    There is a better world
    Well, there must be
    Well, there must be
    Well, there must be
    Well, there must be
    Well …

    Bye bye
    Bye bye
    Bye …

    p.s.:sei que posso estar sendo chato, mas não sei o teu e-mail…

Deixe um comentário